quinta-feira, 12 de abril de 2012

Uma luz no fim do túnel. Ou a Lei da Ficha Limpa.

           Oba!Uma luz no fim do túnel. Mas não é a luz de um trem vindo em sentido contrário. É uma luz vista por trás, que vai iluminar para frente, ou seja, o caminho do futuro. Estou me referindo à Lei da Ficha Limpa, que parece vai funcionar agora. Creio que podemos ficar otimistas e esperançosos quanto aos efeitos positivos dela. Se realmente funcionar, vai retirar da vida pública, no mínimo por oito anos, todos os políticos desonestos, que não respeitam a seriedade de seus cargos e, por conseguinte, o povo. Torçamos, então, para que ela funcione na prática.
Entretanto, tal lei vai dar apenas o primeiro passo, impedindo o político, já condenado em segunda instância, de candidatar-se a qualquer cargo eletivo por determinado tempo. Mesmo assim, vai ser um passo gigantesco no sentido de moralizar a política brasileira. O segundo passo vai ficar por conta do eleitor, que deverá continuar castigando o safado, não votando nele, mesmo depois que este já puder se candidatar. É pena que os suspeitos ainda não apenados continuem livres para concorrer. E, o que é pior, com chances de eleger-se.
Inicialmente, o povo é estimulado a pensar que todos os políticos, então candidatos, são muito corretos, bem intencionados e muito bonzinhos, o que pode ser percebido em suas gentilezas e nas costumeiras promessas pré-eleitorais. Sabem de tudo que o povo precisa. Não perdem o eleitor de vista, mesmo que este esteja evitando ser visto por eles. O grande problema é que alguns são muito esquecidos e descuidados. Tanto que esquecem logo das promessas e necessidades do povo, como também acabam confundindo os bens públicos com os bens pessoais e familiares.
Entretanto, alguns entram para disputar o certame, já mais sujos do que pau de galinheiro.  O lugar correto para eles seria a cadeia, e não num pleito eleitoral, representando, no mínimo, um partido. Se a Lei da Ficha Limpa já existisse, este fato não aconteceria, pois tais sujeitos já teriam sido alijados da política brasileira. Mas como eles se encontram livres para concorrer, fazem o diabo para conseguir enganar o eleitor, o que conseguem com maestria, dada a preferência que muitos eleitores têm pelos patifes, enquanto estes também conhecem quem os acolhe.
Um outro efeito benéfico que esta lei trará caso seja cumprida, é retirar também da vida pública a patota do político alvo dela.  Sendo expulso o cachorro, as pulgas irão juntas, pois os asseclas de um não servem para outro, se não forem da mesma facção.  Assim, a limpeza será mais ampla do que o previsto, pois há apadrinhados de  políticos que são tão ruins quanto ou piores do que o próprio padrinho. Tanto que, salvo raras exceções, formam um bando de interesseiros e co-assaltantes do erário público. Ao invés de formarem equipe administrativa, formam quadrilha.
Sendo assim, que seja bem vinda esta lei. Que ela venha, de fato, e funcione pelo menos à semelhança da Lei Seca ou da Lei Maria da Penha. No entanto, o grande risco que pode haver são os políticos, que a criaram muito a contra gosto, começarem a sentir na pele os efeitos dela. Aí, perceberão que deram um tiro no próprio pé e logo arranjarão um jeito de revogá-la o mais rápido possível. Para os políticos brasileiros nada é impossível, principalmente lhes sendo favorável. Se a Lei da Gravidade começar a lhes incomodar, eles a revogarão.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Profissão mais antiga; ou O pão que o diabo amassou.

Há uma anedota antiga, até bem criativa, em que 3 profissionais, jardineiro, carpinteiro e eletricista, discutiam entre si qual das suas profissões seria a mais antiga. O jardineiro disse que era a dele, pois foi um colega seu que plantou o jardim do Éden. O carpinteiro, por sua vez, disse a mesma coisa, alegando que foi um colega seu que construiu a Arca de Noé. Já o eletricista jura que a profissão mais antiga era a sua, pois quando Deus disse “Faça-se a luz”, um colega seu já tinha feito a instalação elétrica. O impasse estava criado. Na verdade, qual seria a profissão mais antiga?

Em minha opinião, a primeira profissão surgida no mundo deve ter sido padeiro, pois o pão deve ser um alimento antigo, já que desde sempre o homem diz que “comeu o pão que o diabo amassou”. Então, deve ser mesmo a mais antiga, pois o diabo também é antigo, já que começou a existir junto com Deus. Só que o diabo deve ser um péssimo padeiro, pois quem come o seu pão, entende como suplício e infelicidade.  Eu nunca vi uma pessoa feliz dizer que está comendo o pão que o diabo amassou. Alguém já viu? Falar que já comeu pode ser até normal, pois muitos passam fases difíceis na vida.

Considerando que o diabo fosse padeiro, é mais do que natural dizer que os políticos também o são, por motivos vários. Um deles é que a existência dos políticos também é muito antiga; outro motivo é que, com muita freqüência eles estão sendo pegos com a mão na massa ou até mesmo com a massa dentro até da cueca. Um outro motivo, que todos conhecem e mesmo assim insistem em elegê-los administradores da “padaria”, é que eles estão sempre fazendo o povo comer o pão que o diabo amassou. O pior é que o povo come, come, come o tal pão, mas esquece logo e não pune o fabricante.

Já há outros políticos que são mais confeiteiros do que padeiros, pois fazem tudo muito bonito, apetitoso, atraente, que enche os olhos do espectador também conhecido como eleitor. Ou pato, melhor dizendo.  Porém, o produto deles é muito balofo, inconsistente, perecível, com prazo de validade muito pequeno. Tão pequeno que costuma prescrever até antes de começar a ser consumido. Á menor mudança do clima, os produtos já começam a deteriorar-se e a exalar mau cheiro. O problema maior é que eles terceirizam a fabricação do “pão”, que acaba saindo uma bela porcaria.

Se a profissão do diabo é padeiro, a de Deus qual seria? Para fazer a maravilha que fez, e em apenas sete dias, Ele deveria ser multiprofissional. Deveria ser engenheiro, arquiteto, paisagista, biólogo, químico, botânico, físico, jurista divinamente sábio para elaborar tantas leis justas, as quais os homens transgridem a toda hora. Enfim, Deus só pode ter sido um cientista múltiplo, de incomensurável competência, para construir o universo e deixa-lo funcionando dentro da mais extraordinária harmonia, que, infelizmente o homem, que parece ser Seu pior produto, está tentando corromper.

Pensando melhor, chega-se à conclusão de que Deus é mono profissional, ou seja, dotado de um único ofício, porém gigantesco, que compreende e executa com sabedoria todas as profissões do mundo. Há homens, possuidores de especializações em áreas específicas, que entendem tudo de um pouquinho; há outros, bastante versáteis, criativos e polivalentes, que entendem um pouquinho de tudo. Quanto a Deus, Ele não se enquadra em nenhum desses perfis. Ele entende tudo de tudo. Ele é apenas Deus. Ele é apenas onipotente, onisciente e onipresente. Só isso! Mais nada!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O caso Eloá e os genocidas.

Não tenho a pretensão de defender ninguém, até porque não sou advogado e não possuo argumentos para defender nenhum réu. Eu não estaria apto a defender nem aquele doutor acusado de matar o dono da loja, ou seja, o Reumatologista.  Também não estou censurando advogados, mas se eu fosse um deles, não teria disposição para defender bandido cruel, fazendo um capeta virar santo, permitindo-lhe virar vítima, enquanto tentam fazer a legítima vitima e seus familiares sentarem no banco dos réus. Em minha modesta opinião, a lei dá muita vantagem ao indiciado, e, por extensão, ao réu, quando aquele é transformado neste, em virtude da evolução do processo. 

Não obstante seja esta minha opinião, acho que houve muito estardalhaço e rigor no julgamento de Lindemberg Alves, o assassino da jovem Eloá. Quase um século de cadeia assusta muito, mesmo não cumprindo nem a pena máxima que, por enquanto, é de 30 anos. Não sei o que se passa na cabeça de ninguém, mas imagino que ele cometera todos aqueles crimes, sem saber que estava cometendo-os. Provavelmente, ele não deve ser um bandido cruel. Parece que ele apenas amou demais a sua vítima, o que o fez passar da condição de fã para fanático, eis que fanático é um fã exagerado. Exemplo, os fundamentalistas muçulmanos.

Um bandido e um criminoso podem ser a mesma coisa, mas também pode haver diferença entre eles. Bandido é aquele que assalta; seqüestra; trafica drogas; mata, com ou sem motivos, apenas para satisfazer a sanha perversa da besta embutida nele. Enfim, bandido é um contumaz violador da lei. Já o criminoso pode ser tudo isso, mas também pode ser uma pessoa decente que cometeu o crime obrigado pelas circunstâncias, ou levado por um extremo desequilíbrio emocional. Neste caso não é justo taxá-lo de bandido. Criminoso é apenas um adjetivo que tipifica quem cometeu um crime. O termo bandido já qualifica todos os tipos de malfeitor. É genérico.

Entretanto, é muito justo e necessário que Lindemberg pague pela brutalidade cometida, mas há outros criminosos por aí, muito mais perigosos, que, no entanto, recebem penas leves, ou nenhuma pena. Um pequeno exemplo, perto de Conselheiro Lafaiete há uma comunidade em alerta por causa de um maníaco sexual que está agindo por lá. As mulheres estão em pânico, preparando facões e foices para se defenderem. Suas vítimas são todas senhoras idosas. Já estuprou cinco, incluindo sua mãe. Uma das vítimas morreu, depois, em decorrência dos maus tratos durante o estupro. Agora só falta a polícia ir lá e apreender facões e foices, alegando porte ilegal de armas.

No entanto, o cara está livre, uma vez que seu advogado alegou insanidade mental, sendo, portanto, inimputável.  Vejamos se um cara que abusa até da mãe, pode ficar em liberdade!  Nunca! Se abusa da mãe, a quem vai respeitar? É um absurdo uma lei que permite isso. Doido perigoso deve ficar internado em hospital psiquiátrico ou em manicômio judiciário. Tarado, então, tem que ser castrado, quimicamente ou tendo o bilau decepado. Tara sexual não tem cura. Não adianta o pessoal da área de saúde dizer o contrário. O sujeito pode ficar 500 anos encarcerado, mas o dia em que for livre recomeça os ataques. A literatura médica e policial está repleta de casos.

Além dos conhecidos praticantes da bandidagem cotidiana, há outros criminosos que deveriam receber altas penas, pois eles praticam até o genocídio. Estou me referindo aos políticos, que assaltam o erário público e se apossam do dinheiro destinado a melhorar os sistemas, dos quais as pessoas dependem. Trata-se do vergonhoso sistema de saúde, cuja deficiência leva à morte centenas de pessoas; do sistema viário, ou seja, rodovias, cujo estado precário provoca inúmeros acidentes ocasionando prejuízos, sofrimentos e muitas mortes; do sistema de segurança pública que não dá segurança a ninguém; e de todas as outras provações e privações a que eles submetem o povo.

Os autores de tais malvadezas deviam também ser denunciados, indiciados, pronunciados e levados a julgamento, conforme outros criminosos comuns são. O julgamento desses políticos perversos devia também ser cercado de todo o espalhafato, a pirotecnia, a divulgação, o glamour e o rigor com que foi promovido o julgamento de Lindemberg Alves. Sabe-se muito bem que este julgamento em questão e esta pena elevada ocorreram para servir de exemplo e desestimular a prática de crimes, o que pode levar alguém a pensar que o réu do caso foi um bode expiatório, mesmo merecendo uma punição bem rigorosa.

Sendo assim, ficam algumas indagações no ar, a serem respondidas pelo tempo. Será que o julgamento desse moço vai realmente servir de exemplo e desestimular atitudes criminosas de outras pessoas ou apenas passará para a história como um espetáculo glamouroso e caro? Será que algum dia nós veremos os genocidas a que me referi sendo julgados e condenados para servir de exemplo?  Será que veremos um corpo de jurados decidir pela culpa de um réu dessa categoria e um juiz aplicar-lhe uma pena rigorosa? Será que teremos o prazer( ou sadismo?) de ver a platéia, ávida por um resultado justo, aplaudir a divulgação de pena rigorosa atribuída a um desses bandidos de colarinho branco? Sei lá! Tenho muitas dúvidas. Mas tudo é possível.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Comer ou chupar? Eis a questão!

Domingo passado, ao chegar à casa de um amigo o encontrei chupando mangas. Felizmente não era o cão, era um amigo mesmo. Ao ver-me, gentilmente ele disse assim:
 - Ô criatura, vamos comer manga? Vamos?
Eu achei estranho o verbo usado por ele e respondi questionando.
 – Comer, ou chupar?
Rapidamente ele respondeu:
 - Comer, porque eu estou cortando as mangas com a faca. Então, estou comendo manga e não chupando.
Diante desta resposta, não tive como não concordar com ele, o que me fez aceitar o argumento e pensar sobre a idiotice que ora escrevo abaixo.

O ato de ingerir os alimentos, ou seja, manda-los para o estômago, possui alguns verbos que o especifica, dependendo da natureza e o estado dos alimentos. O estado a que me refiro é a condição em que o alimento se encontra, ou seja, sólido, liquido e gasoso.  O gasoso podemos abandonar porque até o presente momento não se tem notícia de alguém que tenha comido ar ou vento. Mas, pode até ocorrer, pois não dizem que fulano vive de brisa? Pois, então! Entretanto, fiquemos apenas com o líquido e sólido, que são as duas únicas formas em que os alimentos são encontrados.

Então, se o alimento é líquido a gente diz beber ou tomar. Exemplo, tomar um copo de leite, tomar um iogurte, tomar uma sopa, etc. Todavia, tomar um ônibus não é forma de alimentação. Tomar atitude também não é. Sendo sólido o alimento, a gente já diz simplesmente comer. Exemplo, comer um frango, comer arroz, comer churrasco, etc. Outros, utilizando toda a frescura a que têm direito, já dizem degustar, deglutir, saborear e outros verbos da mesma natureza. Entretanto, o verbo não importa, mas, sim, a delícia de executar a atividade chamada popularmente comer.

No entanto, há alguns alimentos, frutas, por exemplo, com os quais a gente usa um outro verbo para configurar sua ingestão, dependendo da forma de ingeri-los. Há algumas frutas que o consumidor pode usar o comer ou o chupar.  Vou chupar uma manga! Depende. Se eu usar uma faca para fatiá-la antes, em vou comê-la, e não chupa-la. Quanto à jabuticaba, ao engolir o caroço também estaremos comendo-a e não chupando, mesmo não mastigando. A propósito, a jabuticaba é uma delícia, mas o caroço, quando engolido em grande quantidade, torna-se um suplicio.

O mesmo raciocínio se aplica à laranja em relação ao bagaço. Engolindo-se o bagaço, é comer, e não chupar. Se o glutão apenas sugar o caldo dela, aí já é chupar. O fato da retirada da casca não representa nada, pois quase toda fruta tem de ser descascada.  O amigo leitor já pensou em comer um abacaxi com a casca?  E a banana? A banana, de qualquer forma, tem que ser comida. E sem casca! Já pensou em alguém chupando banana?  Que cena horrível e constrangedora! Tendo-se à mão um meio de tirar fotografia, ninguém perderia uma pose assim. Então, cada coisa no seu lugar,

No entanto, como toda regra tem exceção essas gastronômicas também possuem.  Tenho um amigo que é banguela. Na arcada inferior, não lhe nasceram dentes. O leitor precisa ver a dificuldade que ele tem para mastigar alimentos sólidos. Apesar da arcada superior quase perfeita, ele não consegue mastigar, pois não tem suporte embaixo para sustentar a pressão que vem de cima. E com prótese (perereca) inferior não é fácil se acostumar. Quem já passou por isso comenta que é um tormento. Muitos desistem, preferindo ficar sem a arcada inferior. Ou fazem implantes, quando podem.

Esse meu amigo simplesmente não mastiga. Só chupa. Chupa batata-frita, chupa churrasco, chupa bife, e outras iguarias tão apetitosas e atrativas quanto. Levando tudo no bom humor, ele garante que dá para apreciar mais o sabor dos alimentos antes de engoli-los Faz bastante sentido! A propósito, segundo um admirável poeta nordestino, até a maçã, que um dia Adão comeu no Paraíso, hoje está sendo chupada, e sem nenhum constrangimento. Não é verdade que dizem por aí que “quem não tem cachorro caça com o gato?” Pois, então! Cada um usa o recurso de que dispõe na ocasião.


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O CASAMENTO E SEUS PARADOXOS.


Perante a lei de Deus, o casamento é uma instituição sagrada. E como! Perante a lei dos homens, é uma sociedade, um negócio, onde a mulher entra com seus direitos naturais e quase mais nada, e sai com quase tudo, principalmente se o desavisado cônjuge vacilar, fazendo por merecer. O homem costuma se casar com comunhão de bens, o que é mais comum, mesmo a mulher não os tendo, pois a nossa cultura ainda conserva alguns rudimentos do sistema patriarcal, além do fato real de quase nunca um homem pobre casar-se com mulher rica. Já a mulher costuma se casar com um caminhão de bens, se o mancebo já for abastado antes do enlace. Se não for, os dois costumam fazer patrimônio juntos, mas a mulher acaba levando a melhor devido ao direito natural.
Por outro lado, é bastante comum uma mulher pobre se casar com um homem rico, principalmente se ela for bonita e desejável. De modo geral, a mulher exerce muito mais fascínio e mais atração sobre o homem, no sentido libidinoso, do que o contrário. Por causa desse importante detalhe, as mulheres mais decentes e equilibradas não deixam se levar apenas pelos dotes físicos do homem, pois que se preocupam com o lado moral, até por causa dos filhos que advirão dos dois. Então, a mulher bonita e decente tem muito mais possibilidade de escolha do que o homem. Quanto aos homens, estes se envolvem muito com os atributos físicos da mulher. Em virtude desse fato, o homem se apaixona com mais facilidade. E acaba caindo de quatro.
Considerando essa fraqueza do homem, mesmo o fato não tendo quase nada a ver com o casamento, quero acrescentar algo pertinente. Nesta minha vida, eu já vi casos noticiados e ocorridos até aqui mesmo, de homens apaixonados que deram fim a suas vidas por não conseguirem a mulher pela qual se apaixonaram. Conheci alguns casos e protagonistas também. No entanto, é raro a gente ouvir falar de uma mulher que se suicidou por causa de um homem. Por culpa de um homem pode até acontecer, eu conheço algum caso, mas por causa da paixão por ele é mais difícil. Depois, ainda dizem que a mulher é sexo frágil! Erasmo Carlos já dizia em sua música: “Dizem que mulher é sexo frágil, mas que mentira cabeluda”.
Tal como o quebra-molas, a injeção, o seguro de automóvel e outros percalços, o casamento se for um mal (fui claro?), só pode ser um mal necessário. Aliás, muito mais necessário ao homem do que á mulher, uma que vez esta é muito mais útil ao homem, do que o contrário. Vivendo só, a mulher vive muito mais bem do que homem. O homem sozinho é muito incompleto. Falta-lhe tudo, inclusive disciplina e rumo. Ele fica literalmente desarrumado. A mulher, de uma ou outra forma, cerceia a liberdade do homem, se ele for responsável e sensível aos novos deveres inerentes à vida a dois, pois que casamento também não deixa de ser sinônimo de renúncia e mudança de hábitos. Contudo, ele, o homem, acaba obtendo muitos benefícios com isso.  
A liberdade é uma situação muito boa, mas deve ser conjugada com outros fatores para que se possa ser livre e feliz ao mesmo tempo. Eu prefiro ser cativo dentro de uma casa limpa, asseada, bem cuidada por uma mulher, a ser livre, solto no mundo como cachorro que caiu do caminhão de mudança. O homem adulto sem mulher fica como um jardim sem flor; uma casa sem luz.. A bem da verdade, ele fica como uma barata dentro do galinheiro, ou seja, não sabe para onde correr. Tudo isto, sem mencionar as dúvidas maldosas que os controladores da vida alheia levantam sobre a orientação sexual do indivíduo. Porém, em casos extremos de intolerância, sozinho é melhor do que mal acompanhado.
O tempo de casamento costuma trazer alterações radicais no tratamento entre os cônjuges, caso não haja tolerância recíproca e respeito pelos efeitos da ação do tempo nas pessoas. Quando se é namorado, jovens, a mulher costuma ser tratada de gata, gazela, potranca, e outros substantivos eróticos e delicados. Com o passar do tempo, a fauna diversifica,mudando-se para anta, capivara, vaca, e outros tão depreciativos quanto. Quanto ao homem, antes tratado por tesão, gato, príncipe, meu herói, já passa a ser identificado por gambá, porco, cavalo, viado, e outros congêneres, dependendo de suas atitudes perante a cara metade, ou a metade cara, pois há metades que são caras demais para a metade mantenedora.
Como tudo nesta vida tem seus afetos e desafetos, o casamento, sendo um fato comum da vida, não foge à regra. Há pessoas que dizem que o casamento é um tambor cheio de merda com uma camada de chocolate por cima.  Neste caso, a pessoa mais cuidadosa abre o tambor no local certo, do lado do chocolate e usufrui dele por algum tempo. Porém, há pessoas mais descuidadas que se enganam ao abrir o tambor. Abrem-no pelo fundo, entrando direto na merda. Excluindo o enorme exagero, isto pode ocorrer porque muita gente, dissimulada, se revela dócil e tolerante durante as fases que antecedem o início do casamento. Depois, se mostram verdadeiros psicopatas, praticando perversidades medonhas contra o cônjuge.
Porém, há casamentos que são tambores só de chocolate. Mais nada! De qualquer lado que se abrir o tambor, é isso mesmo. Não se encontrará nada repugnante ou asqueroso. Tudo muito bom, do princípio ao fim. Aliás, tais enlaces poderiam até dispensar as testemunhas. Não dizem por aí que se casamento fosse bom, não precisava de testemunhas? Pois então! Em sendo bom o casamento, poder-se-ia, tranquilamente, dispensar as testemunhas ou padrinhos, como queiram. Estas ficariam mantidas apenas para aqueles enlaces mal arranjados, destoantes, que apresentassem algum indício de um futuro desajuste. Divagações à parte, testemunhas são importantes em quaisquer expectativas, até porque se trata de pessoas amigas.
Luiz Fernando Veríssimo, com sua versatilidade literária e bom humor, disse que o casamento é uma tragédia em dois atos: o civil e o religioso. Pode até ser, mas na minoria dos casos. Antes de ser tragédia, há fatores que podem torná-lo opções mais amenas, como drama, comédia ou em romance, que seria o mais natural, pois que o casamento é feito baseado num suposto romance, já que a maioria se casa porque ama, e não porque odeia. A menos que se unissem pessoas completamente antagônicas: pretas com brancas; feias com bonitas; pobres com ricas; cultas com incultas, honestas com desonestas, etc. Se assim fosse, haveria risco de virar tragédia, mas a natureza é sábia e nunca teve o hábito de unir pessoas com muitas diferenças entre si.
Dizem também que o casamento é uma loteria, onde poucos acertam. Ou ninguém. O prêmio costuma não sair para nenhum dos dois, mas também não acumula, porque o advogado acaba levando quase tudo.  Numa separação litigiosa, quem acaba levando vantagem é a mulher. E o advogado, claro! Então, já que é assim, não seria melhor se casar logo com o advogado? Não! O melhor ainda é se casar com a pessoa escolhida, tentar viver bem e ser feliz até a chegada da morte. Assim, o casamento é uma porcelana que necessita do cuidado de ambos para não quebrar. Um casamento mal feito é ruim, mas um casamento desfeito costuma ser bem pior. Prefiro continuar dizendo “enfim sós”, a passar a dizer “enfim só”. Eu, hein! Feliz enlace para todos!

sábado, 31 de dezembro de 2011

O CELULAR E O CHIFRE.

O MUNDO evoluiu em todos os sentidos, trazendo oportunidade de mudanças radicais no comportamento das pessoas, e a população aumentou de maneira quase desordenada. Hoje já somos 7 bilhões de almas, penadas ou não. Junto á evolução e ao aumento da população aumentaram também as ocorrências de relações extraconjugais. Só que os casos de relações extraconjugais aumentaram muito, de forma bem desproporcional ao aumento da população. Entretanto, esse tipo de comportamento não é novidade, e, mesmo antes de Cristo já se falava nisso e já se castigavam os praticantes.

É SABIDO que desde quando o mundo existe, há ocorrências desse tipo, uma vez que pessoas insatisfeitas, libidinosas e aventureiras sempre existiram. Não se sabe se antigamente essas ocorrências tinham o mesmo nome que tem hoje, mas isto não interessa mais No entanto, nos tempos modernos, depois do automóvel e do motel, surgiu uma nova tecnologia que favoreceu e incentivou por demais as atitudes dessa natureza, que passaram a ser conhecidas como pulada de cerca, ou simplesmente chifrada, cujo resultado é o chifre.

ESTOU FALANDO do telefone celular, esta maquininha minúscula que permite ao homem contrariar a lei da física, ocupando dois lugares ao mesmo tempo, em locais diferentes. Dia desses um amigo estava em minha casa, quando recebeu uma ligação no celular. Para se esquivar de um compromisso, ele disse que estava em BH e quando voltasse a Arcos ligaria avisando. No momento fiquei em dúvida quanto à cidade em que realmente moro. Pensei que eu estava morando em BH e ainda não estava sabendo. Olha o celular aí já incentivando as mentiras!

NO ENTANTO, esse não é o maior mau uso do tal aparelhinho. Há outros muitos piores, incluindo o mencionado acima. Muitas pessoas compromissadas o usam hoje para marcar pulada de cerca, sem correr o risco de o outro cônjuge escutar na extensão. Realmente para quem aprecia a prática dessa perigosa aventura, o celular é um prato cheio; é um manjar dos deuses. Tal aparelhinho miraculoso veio a calhar. Chegou na hora agá. Era exatamente o que estava faltando para fomentar mais ainda os encontros fortuitos e “calientes” entre pessoas compromissadas com outras.

HÁ ALGUM tempo, um amigo me contou que depois que a esposa arranjou um celular, ela ficou cheia das nove horas, cheia de mistérios e segredinhos. Disse-me que já estava com a pulga atrás da orelha. Dito e feito!  Dia desses, ele a viu entrando no motel no maior xodó com o novo namorado, arranjado via celular. Resultado: um está para um lado, outro para outro lado. Ela continua pulando a cerca. Tanto que, provavelmente, irá participar das Olimpíadas de Londres, na modalidade salto em vara. É cada pulão, que medalhas de ouro já estão garantidas.

O CELULAR não foi criado para isso, mas juntando-se ao automóvel e ao motel, ajudou a formar o tripé que sustenta a pulada de cerca. O celular serve também como marcador de dia e horário para se tomar Viagra e outros indicados para disfunção erétil. Contato positivo conseguido e encontro marcado, viagra no bucho par cair na corrente sangüínea em tempo hábil. Só para evitar dúvidas e problemas com a Polícia Federal e o Fisco, devo dizer que não sou revendedor de viagra, e muito menos de Pramil oriundo do Paraguai. Nem os consumo ainda, mas não tenho nenhum preconceito. Penso que é melhor tomar um estimulante do que virar ferramenta de pintor.

NÃO VOU DIZER que não gosto de celular, pois seria muita burrice de minha parte não gostar de conforto, pois que o celular oferece facilidades em nossos contatos, emergenciais ou não. O celular é uma ferramenta espetacular, que veio facilitar por demais os contatos pessoais, beneficiando sobremaneira as pessoas nas mais diversas situações ou locais em que elas se encontrarem. Eu tenho ojeriza é do uso indevido que pessoas fazem dele. Como não teria sentido ser diferente, eu também possuo celular. Caso contrário, estaria assinando meu atestado de burrice. E também por que celular é igual celulite e já que todo bundão tem, também posso ter.

ENTRETANTO, seria bem legal se as pessoas usassem todos os recursos tecnológicos que lhes são colocados à disposição para o lado do bem. Certamente, a não ser material bélico, nada nesta vida foi criado com a finalidade de ser usado para o mal. O avião, por exemplo, não foi inventado para jogar bombas nos inimigos e nas pessoas inocentes, mas o foi para trazer conforto e rapidez às pessoas. Parece que esse mau uso dele foi um dos motivos da desilusão de Santos Dumont, que o levou ao suicídio. Também o caminhão foi criado para transportar mercadorias, e não para ser usado de forma irresponsável e criminosa, promovendo carnificina nas rodovias.

VOLTANDO ao celular, dos piores usos que fazem dele são os trotes que passam incomodando as pessoas; as falsas comunicações para enganar e extorquir dinheiro das pessoas ou o terror que espalham comunicando falsos seqüestros com o mesmo fim financeiro. Tudo isso por detrás de um celular de número não identificado, que deveria ser proibido pela lei, para evitar esse mau uso que a molecagem e a bandidagem fazem deste estupendo aparelho, causando muito mal às pessoas. Mesmo que seja apenas um simples trote, acaba tirando a paz e a serenidade do destinatário da ligação. Perto destas situações, a pulada de cerca combinada no celular acaba virando, à luz da lei dos homens, apenas um pecado original.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

NATAL.


O mundo fica todo colorido
E tudo é multicor, é fantasia.
Parece não haver nenhum gemido
No dia de Natal, sagrado dia.

A rua se engalana, se reveste
De tudo que mais caro e belo existe
Não aparece um só que isso proteste
Em benefício de quem vive triste.

No bairro, na favela, lá no morro
Não há Natal nem luzes coloridas.
A música é o latido do cachorro
Na porta de crianças mal vestidas.

Até o sino é mudo, não badala
Para acordar as coisas lá do céu.
Sapato na janela? Nem se fala.
Não se conhece lá Papai Noel.

Papai Noel de barbas de algodão,
Tão esperado pela burguesia
Não sabe onde mora uma nação
De criancinhas sem ter alegria.

Papai Noel não sobe o morro pobre
Porque não sabe ainda o seu caminho.
Mas é preciso que essa gente nobre
Ensine o morro, também ao velhinho.

Para que ele leve na viagem
Entre brinquedos de vários matizes
Uma palavra de feliz mensagem
Uma promessa de dias felizes.

E na bagagem dessa nova estrada
Ele conduza, então, um bom segredo
Conduza, sim, nessa missão sagrada
Outro presente em forma de brinquedo.

Conduza, sim, o pão à pobre mesa
Daquele povo que já nem mais come
Amenizando assim essa tristeza
Diminuindo assim aquela fome.

Conduza, sim, a paz e a bonança
Para transformar-lhes tão cruentos dias
Conduza, sim, também a esperança
De um futuro melhor, de alegrias.

E, às crianças, leve, nesse ensejo
Novo horizonte, novos ideais
Que lhes afague a face, dando um beijo
Para mostrar que os homens são iguais.

Autor: José Helder França.